quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Um pouco sobre gestão do tempo.

Olá pessoal, venho juntando alguns “insights” a respeito de gestão do tempo e percebi que juntei “massa crítica” suficiente para arriscar um textinho a respeito.

Como de costume pretendo discorrer mais a respeito da utilização destes conceitos no dia a dia do que apenas no ambiente de projetos.

Antes de mais nada, vamos definir um pouco de qual tempo estamos falando. Em português utilizamos o termo “tempo” indiscriminadamente, mas em grego existem dois termos para o tempo: “Chronos” (Χρόνος) e “Kairos” (καιρός). O primeiro é o tempo sequencial, mensurável (cronometro, por exemplo – medidor de tempo) o segundo se refere ao “momento certo, oportuno” refletindo a experiência de um momento oportuno.

Então temos o “tempo que se mede” e o “tempo oportuno” (no qual pode se fazer algo). Se considerarmos que planejar nada mais é do que pensar no que se pode fazer hoje para gerar o futuro desejado, podemos inferir que em gestão de projetos (e na vida, no sentido amplo) estamos muito mais trabalhando com o kairos do que com o chronos.

Então, levando isso para nossas vidas, podemos ver que existem algumas “crenças” que podem limitar sua boa gestão do tempo, algumas delas são:

  • “Quem administra o tempo é escravo do relógio”;
  • “é possível administrar 100% do tempo”;
  • “Gestão do tempo é algo que se aplica apenas à vida profissional”;
  • “se quiser fazer algo bem feito, faça você mesmo”.

Cada uma dessas ideias tem o poder de impedir que você possa desfrutar dos benefícios da boa gestão do tempo (seja em seus projetos ou em sua vida )[

Para matar estas crenças repita comigo: “Planejar é diferente de ser escravo – É TER AUTONOMIA NAS ESCOLHAS”, “tudo pode recomeçar, o futuro PODE ser diferente”.

Antes que o texto descambe para a autoajuda descarada, vamos pensar em algumas coisas que podem ajudar a organizar a vida (em todos os sentidos).

É fundamental aprender a separar o que é importante do que é urgente – e aprender a dedicar melhor seu tempo ao que é importante.

  • IMPORTANTE = coisas que contribuem para seus objetivos e propósitos de vida;
  • URGENTE = coisas que “precisam” ser feitas num determinado prazo.

Para dar uma ideia sobre como lidar com isso, vamos pensar nas figuras a seguir;

A primeira mostra os quatro possíveis quadrantes para classificar uma demanda quanto a sua urgência e sua importância.

A segunda figura ilustra possíveis estratégias a serem adotadas para lidar com cada uma dessas demandas.

As coisas urgentes e não importantes podem ser delegadas para outras pessoas, ou podem ser negadas (vai depender da situação, mas provavelmente terão algumas delas das quais você não irá escapar, mas levar uma “mordida de jacaré” por semana ainda é melhor do que levar uma por hora).

O que é importante, porém não é urgente é um ponto de atenção. Tais coisas devem ser inseridas em sua lista de prioridades. Alguns exemplos desta categoria podem ser “cuidar da saúde” e “pensar na aposentadoria”. Se você goza de uma saúde razoável, e ela não vem dando sinais de estar “abrindo o bico” pode ser tentado a não dar importância a isso até que a saúde acabe e vire urgente cuidar do que restou dela. Da mesma forma, pensar na aposentadoria é importante, mas como sempre está “muito longe” pode ignorar a importância de criar reservas até que seja tarde demais e a urgência devore sua qualidade de vida.

O que não é urgente nem importante é tudo aquilo que não acrescenta nada a seus objetivos. Normalmente é algo do tipo “não fiz o relatório, mas aproveitei para arrumar os arquivos (ou as gavetas)”. Tudo que se encontra nessa categoria deve ser evitado ao máximo, e deve-se lutar contra a tentação de fazer tais coisas.

Já o que é importante e urgente é o que deve consumir a maior parte de seu tempo.

Agora o mais importante de tudo: a boa notícia é que você não precisa me dizer o que se encontra em cada uma dessas categorias para mim – a má notícia é que eu também não vou lhe dizer o que se encontra nessas categorias para você. Cabe a cada um identificar e classificar, de acordo com seus objetivos pessoais e momento de vida, quais demandas se encontram em cada categoria.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Já vi esse filme antes – Lições Aprendidas

E então você está bem no meio daquele Projeto (com “Pê” maiúsculo mesmo), e de repente se vê numa situação complicada e por sua mente passa algo do tipo “Já vi esse filme antes.” De repente vem à memória uma situação semelhante e a solução daquele pepino passado o ajuda a resolver o abacaxi do presente.

Parabéns, você acabou de fazer uso das famigeradas “lições aprendidas”, que nada mais são da aplicação daquele velho ditado “uma pessoa inteligente aprende com os próprios erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros e um idiota nunca aprende” [1] ao ambiente de projetos.

Para os que “sabem, mas esqueceram”, vamos relembrar um pouco: A gestão de projetos visa planejar e controlar recursos para gerar produtos (bens ou serviços) novos. Contudo, desenvolver um novo projeto sem utilizar os conhecimentos disponíveis na organização, é uma atividade pouco vantajosa.

Projetos são, por definição, empreendimentos temporários para a criação de um produto (serviço, funcionalidade, etc.) único. Ainda que sejam temporários, a habilidade em gerenciá-los pode ser desenvolvida ao longo de vários projetos.

A gestão do conhecimento é uma disciplina que vem surgindo como uma nova forma de se gerenciar organizações. Sua utilização sistemática permite que o conhecimento adquirido “rompa as fronteiras” dos projetos e seja utilizado para alavancar o aprendizado organizacional.

As lições aprendidas em um projeto podem (e devem) ser documentadas ao longo de todo um projeto, sendo disponibilizadas em uma base de conhecimento. Elas documentam tanto os acertos quanto os erros de um projeto.

Uma boa lição aprendida possui as seguintes características: É Documentada de forma simples, clara e rastreável [2], é relevante e contextualizada quanto a sua utilização - O conhecimento deve evidenciar sua utilidade em aplicações práticas.

Resumindo: passou aperto num projeto? Aprendeu algo novo? Descobriu uma nova forma que funciona melhor (ou que não funciona de JEITO nenhum)? Documente, registre e divulgue. Pode ser útil em seus futuros projetos e pode ser útil para as demais pessoas que trabalham com você, que não precisarão perder tempo resolvendo o que já foi resolvido.

Nessa hora normalmente vai aparecer um “consultor” ou “especialista” dizendo que é complexo, complicado, demorado e caro fazer algo desse tipo [3]. Mas a verdade que o seu uso é praticamente indolor e não requer prática, tampouco habilidades especiais para começar a usar e tirar algum proveito dessas tais “lições aprendidas”.

Como isso pode ser feito? Você pode usar uma planilha para registrar as lições aprendidas (ou algum sistema computacional super modernoso), ou mesmo o bom e velho trio “papel-caneta-cérebro” para registrar e bolar uma forma de arquivar e disponibilizar para quem possa se interessar – Não espere ter tudo para ter alguma coisa agora.

Notas

[1] Citado livremente

[2] KISS (Keep It Simple, Stupid – Traduzindo literalmente: “Não complica idiota”).

[3] Recomendo a leitura do livro “Freakonomics” para ver como o autor demonstra que o comportamento desses “especialistas” é semelhante aos terroristas – Vivem e lucram com o seu medo.

Bibliografia:

CUNHA, Fernanda G.; CORREIA, Lívia V.; GOMES, Michele S. C. – “O uso do Registro das Lições Aprendidas no Gerenciamento de Projetos – Um Estudo de Caso”. Trabalho de Conclusão de Curso. 2011. (MBA em Gestão de Projetos – Faculdade Pitágoras Vale do Aço). Orientador: Rafael Venuto Bittencourt de Oliveira.