O PMBoK 2008 define 6 processos de gerenciamento de riscos, conforme explicitado na figura 1. (clique na figura para ampliar)
Antes de retornar à abordagem do PMBoK, vamos recordar alguns conceitos sobre projetos.
Projetos são realizados para a criação de algo novo, para aumentar a capacidade de uma organização (ou pessoa) produzir valor. Então sempre tratam de eventos futuros sobre os quais é possível apenas fazer previsões ou estimativas com as probabilidades associadas. Um projeto nunca ocorre em um contexto determinístico, por ter incertezas associadas o projeto ocorre em um ambiente probabilístico.
Neste cenário o gerenciamento dos riscos constitui-se no conjunto de processos que aumentem a possibilidade de sucesso do projeto, aumentando a probabilidade e o impacto dos riscos positivos, e diminuir a probabilidade e o impacto dos riscos negativos do projeto.
Um risco é mensurado pelo produto de sua probabilidade e seu impacto. Se definirmos as probabilidades em termos de “Muito Baixa”, “Baixa”, “Média”, “Alta” e “Muito Alta” e os impactos em termos de “Muito baixo”, “Baixo”, “Médio”, “Alto” e “Muito Alto” podemos ter 25 possíveis “exposições ao risco” conforme mostrado na figura 2.
A partir deste mapeamento é possível elencar quais riscos merecem maior atenção, quais devem ser prioritariamente tratados.
Um risco de baixa probabilidade, mas de alto impacto merece atenção, ou elaboração de um plano de resposta a esse risco.
Como exemplo de resposta a risco de ‘baixa probabilidade - alto impacto’ vou citar meu bom amigo "Mac" Colhane, que é um americano amante da natureza que vive aqui em Belo Horizonte há alguns anos. Ele adora acampar e domina as “artes do mato”, sabendo sobreviver em ambientes selvagens por dominar habilidades essenciais como fazer fogo, encontrar alimento, etc. Além disso, faz alguns bons experimentos sobre purificação de água em ambientes selvagens.
Sempre que tem um tempo livre, ele vai acampar levando consigo um conjunto mínimo de equipamentos. Uma de suas maiores preocupações é sobreviver em caso de se perder, por isso ele sempre leva com ele alguns kits de sobrevivência. Você não leu errado, ele leva mais de um kit, caso um se perca ele possui outros que podem garantir sua sobrevivência até se localizar ou ser resgatado.
Ele leva um kit principal em sua mochila de acampamento, um kit preso a sua “neck knife” (faca sempre pendurada ao pescoço) e mais um, que leva em uma latinha de Altoides, que é um tipo de balinha que vem em uma caixinha metálica muito útil para se guardar coisinhas, e esse kit também fica sempre em seu bolso.
Veja o vídeo onde ele explica seus kits (está em inglês, por isso fiz um resuminho no parágrafo acima).
Mesmo sendo experimentado em ambientes selvagens, carregando o suficiente para sua subsistência nas matas, ele considera que o impacto (se perder/morrer) ponderado pela baixa probabilidade gera um risco que merece atenção e que necessita de um plano de resposta.
Mas e para ambientes urbanos? Existe algum conceito interessante para os pequenos riscos do dia a dia? Um “Kit de Sobrevivência urbano”? Na verdade também existe um conceito interessante, e como “bônus track” irei falar um pouco sobre ele.
“Every Day Carry”, que traduzindo livremente seria “porte diário” (revirei a net em busca de um equivalente em português e optei pelo termo ‘porte diário’).
Um kit de “porte diário” é composto por itens pequenos, fáceis de carregar em seu vestuário diário, que ajudam e muito a resolver pequenos problemas do dia a dia. Sua composição vai depender dos tipos de problemas que se espera ao longo do dia.
Uma boa ideia é pensar em um canivete suíço ou um multi-tool, um canivete tático (para cortar pequenas coisinhas e prover uma linha de defesa, mas se não tiver planos de autodefesa, deixe esse ponto para lá), um meio de comunicação (celular carregado), remédios de uso diário (aquele analgésico que funciona bem com você), uma pequena lanterna (chaveiro ou lanterna tática), bloquinho e caneta para anotações (ou uma caneta tática, se você realmente for um maníaco por segurança pessoal), agulha e linha para pequenos reparos em suas roupas e qualquer outro item que seja necessário para seu dia a dia.
Este é um bom exemplo de EDC para uso no Brasil, se procurar no youtube por “every day carry” vai ver que muitos americanos incluem uma arma de fogo e munição adicional em seus EDC, mas como a legislação brasileira ainda coloca grandes restrições para o porte de arma por cidadãos de bem, o EDC apresentado é suficiente para lidar com boa parte dos imprevistos do dia a dia.
Não é um kit de sobrevivência urbano no sentido estrito, mas ajuda e muito em diversos imprevistos que encontramos ao longo do dia, minimizando seus impactos, que é uma das formas de lidar com riscos.
Em artigos futuros abordaremos mais conceitos de gestão de riscos, mas por enquanto é só pessoal.