sexta-feira, 17 de junho de 2011

Alguns insights sobre ferramentas de gestão de projetos

“What is the steel compared to the hand that wields it?”(Thulsa Doom – Conan o Bárbaro).

“O que é o aço comparado com a mão que o empunha?” (Thulsa Doom – Conan o Bárbaro).

Começo o texto de hoje com uma citação do clássico “Conan o Bárbaro” e emendo no vídeo de meu bom amigo Mac sobre lâminas para bushcraft.

Repare que no vídeo ele enfatiza que muito mais importante do que a lâmina (ferramenta) é o “homem por trás da lâmina”. Interessante como soa similar à citação do filme, não é?

E o que isso tem a ver com gestão de projetos? Calma, antes que pensem que enlouqueci de vez, já digo onde quero chegar – Vamos falar um pouco a respeito de ferramentas de gestão de projetos.

Se fizermos uma busca rápida no Google sobre “ferramentas de gestão de projetos” vamos ver algo parecido com isso:

Aproximadamente 1.530.000 resultados - isso mesmo um milhão e meio de resultados para o termo em uma busca no Google!

Podemos ver que existem várias opções (MS Project, Primavera, Spider, Open Project, centenas de softwares livres, MS EPM e por aí vai até onde a imaginação alcança...).

Em diversos congressos de Gestão de Projetos sempre vejo stands de desenvolvedores destas ferramentas, normalmente os panfletos distribuídos são muito bem feitos, bem ilustrados, mostrando ao máximo as possibilidades da ferramenta. O que aparentemente todos desenvolvedores “esquecem” de mencionar é que a ferramenta só atinge seu máximo desempenho se for utilizada por mãos capacitadas.

Recordo-me de minha infância, de quando aprendi a tabuada, eu vivia enchendo a paciência de meu pai (Engenheiro) para que ele me deixasse usar uma calculadora para fazer o “para casa”. Eu usava o argumento de que ele também vivia fazendo cálculos com sua calculadora (uma calculadora científica Sharp com display de LEDs verdes que era meu sonho de consumo). A resposta que ele me dava era sempre algo mais ou menos assim “Eu uso calculadora para fazer cálculos que eu sei fazer, mas com a calculadora eu os faço mais rápido. Você, meu filho, ainda precisa aprender como fazer os cálculos elementares manualmente antes de pensar em usar uma ferramenta como esta.” [1]

Conhecer os fundamentos de GP, saber traçar uma rede PERT/CPM na mão (isto é – saber os princípios de cálculo), saber elaborar bons relatórios, ter bons conhecimentos de gestão de projetos e resolução de conflitos trás bons resultados. Uma pessoa com essas habilidades ao utilizar uma ferramenta de gestão de projeto pode utiliza-la de forma a aproveitar melhor suas facilidades e pode, inclusive, ter o insight se a ferramenta está funcionando bem ou não.

Para exemplificar – Bisturis são ótimas ferramentas para diversos procedimentos cirúrgicos, mas em hipótese alguma eu deixaria que um mecânico realizasse um procedimento cirúrgico só por que ele tem um bisturi. De forma similar utilizamos nossos pés e mãos para dirigir, e orangotangos têm pés e mãos, mas ninguém em sã consciência deixaria um orangotango dirigir o próprio carro, mesmo possuindo ferramentas para tal ação.

Respondam rápido – quem você preferiria contratar para tocar um projeto importante – uma pessoa “calejada” em gerenciamento de projetos, com experiência comprovada e conhecimento profundo dos fundamentos ou uma pessoa que fez um curso de 2 meses e que se compromete a utilizar uma “ferramenta fantástica” ? Suponho que sua escolha recaia sobre o primeiro candidato, não é?

Então, para resumir meu posicionamento – ferramentas podem sim facilitar a vida de quem ENTENDE de gestão de projetos, elas podem permitir que muito trabalho seja feito em pouco tempo, e possibilitar que diversas informações sejam facilmente acessadas. Mas uma ferramenta, por melhor que seja, é tão boa quanto a mão que a utiliza, não devemos ter a fantasia de que um sistema computacional de última geração vai resolver todos os problemas de gestão de projetos – o fator humano ainda é (felizmente) o mais importante.

Notas

[1] o safado do velho uma vez me desafiou (devia ter uns 15 anos) a fazer alguns cálculos complexos utilizando uma calculadora científica, enquanto ele fazia os mesmos cálculos utilizando uma “calculadora de padaria”, queria ver quem terminava primeiro. Ele ganhou! Depois me explicou que ao saber como se expande uma função em série de Taylor pode-se fazer esses cálculos sem depender de calculadoras poderosas. Mais uma vez ele me mostrou como conhecer bem os fundamentos nos possibilita muitas vezes solucionar problemas sem ser escravo de uma ferramenta específica.

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